Treinados com meias usadas por pessoas contaminadas pelo coronavírus, cães farejadores são capazes de detectar infectados pela covid-19 com até 94,3% de precisão, segundo apontou um estudo de cientistas britânicos divulgado nesta segunda-feira (24/05).
Trabalhando em duplas, esses cachorros podem fazer a triagem de várias centenas de pessoas que saem de um avião, por exemplo, em apenas meia hora, afirmam os cientistas. Dessa forma, animais treinados seriam muito úteis em aeroportos ou em locais de eventos em massa.
O estudo ainda está em estágio inicial e envolveu cerca de 3.500 “amostras de odores” doadas, que incluíram meias e camisetas sujas usadas por profissionais de saúde e outras pessoas.
Os pesquisadores afirmaram que os cães treinados com essas amostras foram capazes de farejar até mesmo casos leves ou assintomáticos de covid-19, bem como casos causados pela variante do coronavírus que surgiu no Reino Unido no ano passado.
“Cachorros podem ser uma ótima maneira de rastrear um grande número de pessoas rapidamente e evitar que a covid-19 seja reintroduzida no Reino Unido”, afirmou Steve Lindsay, professor na Universidade de Durham, que participou do estudo.
Segundo James Logan, especialista em controle de doenças da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e que liderou a pesquisa, a principal vantagem dos cães farejadores em relação a outros métodos de triagem – como os testes rápidos de covid-19 – é sua “incrível velocidade e boa precisão entre grandes grupos de pessoas”.
O estudo britânico, publicado online nesta segunda-feira e ainda não revisado por outros cientistas, confirma o resultado de pesquisas anteriores semelhantes e se une a outros projetos-piloto que já testam o uso de cães farejadores para detectar a covid-19 em países como Finlândia, Alemanha e Chile.
Os cachorros no estudo do Reino Unido foram treinados durante várias semanas. A eles foram apresentadas 200 amostras de odores de pessoas que testaram positivo para a covid-19, bem como 200 amostras de pessoas que testaram negativo.
Os cães que tiveram melhor desempenho conseguiram detectar a presença do coronavírus nas amostras com até 94,3% de sensibilidade, o que significa um risco baixo de resultados falsos negativos, e até 92% de especificidade, o que significa um baixo risco também de falsos positivos.
A precisão é maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para diagnósticos de coronavírus, segundo afirmou a equipe de cientistas, e supera a de testes rápidos de covid-19 (como aqueles comprados em farmácia), que têm precisão de 58% a 77%.
Especialistas que não participaram do estudo dizem que o resultado é promissor, mas alertam que as descobertas precisam agora ser testadas em situações do mundo real para serem comprovadas.
“Esse estudo de prova de conceito sugere que cachorros treinados para detecção podem ser usados em lugares como aeroportos, estádios e casas de show”, afirmou Lawrence Young, virologista e professor na Universidade de Warwick. “A grande questão é: essa abordagem vai funcionar no mundo real em pessoas, em vez de em amostras de camisetas e meias?”
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ek (AFP, Reuters, Efe, DPA)