Coronavírus sofreu 66 mutações em corpo de homem infectado 3 vezes

O caso é extremamente raro e não deve ser levado como um padrão para covid-19. Fonte: Catraca Livre

Crédito: Bertrand Blay/iStock As alterações genéticas do vírus se concentraram na proteína spike, usada pelo coronavírus para infectar células humanas.

Um estudo publicado esta semana num importante periódico científico revela que o novo coronavírus sofreu 66 mutações no corpo de um homem de 45 anos que foi infectado três vezes pela covid-19.

De acordo com o artigo publicado no New England Journal of Medicine e assinado por médicos da Harvard Medical School, do MIT e de um hospital de Boston, as alterações genéticas do vírus se concentraram na proteína spike, usada para infectar células humanas. As informações são da revista Super Interessante.

O paciente acabou morrendo em decorrência de doenças pré-existentes. Ele tomava medicamentos imunossupressores, comumente utilizados para a prevenção de rejeição de órgãos transplantados e no tratamento de doenças autoimunes.

Na primeira vez que foi infectado, homem –que não teve a identidade revelada–, tomou por dez dias o anti-inflamatório remdesivir, da biofarmacêutica Gilead Sciences, que tem apresentado bons resultados contra o vírus e foi aprovado recentemente para uso emergencial. Pouco tempo depois, exames mostraram que ele estava curado da covid-19.

Mas como ele sofria da síndrome autoimune antifosfolipídica (SAF), na qual o próprio sistema imunológico luta contra as proteínas do sangue, causando coágulos, ele voltou ao hospital outras vezes. Em uma delas, o teste PCR (tido como o mais eficaz para constatar o Sars-CoV-2), mostraram que ele estava infectado pela segunda vez.

Mais uma vez os médicos tratam o paciente com remdesivir, e dias depois, os exames PCR -que são repetidos várias vezes- dão negativo. Ele está curado, pela segunda vez, da covid-19.

Cerca de um mês depois, o paciente retornou ao hospital com uma grave infecção de pele, e é internado mais uma vez. Novamente o PCR indicou uma terceira infecção pelo SARS-CoV-2. Dessa vez, o paciente recebeu um coquetel de anticorpos contra a espícula do vírus, o Regeneron, usado pelo presidente americano Donald Trump durante sua infecção pelo vírus, mas o medicamento não fez efeito e ele precisou ser entubado. Dias depois ele morreu devido à insuficiência respiratória.

Durante as três infecções, os médicos encontraram 66 mutações da covid-19 em seu corpo, além de uma evolução viral acelerada.

Mudanças nos aminoácidos foram vistas predominantemente nas espículas do vírus, responsáveis por se prenderem no corpo humano durante uma infecção, e que representam cerca de 13% e 2% do genoma viral, mas, nas mudanças observadas, os valores aumentaram para 57% e 38%.

O estudo aponta que as amostras do vírus coletadas em quatro momentos da infecção revelaram que paciente permaneceu infectado pela mesma cepa do vírus durante todo o processo e o que aconteceu foi que, dentro de seu próprio corpo, o vírus passou por mutações severas e rápidas. Isso não significa que o mesmo acontecerá em toda e qualquer pessoa que for infectada pelo coronavírus.

Os pesquisadores afirmam no estudo que o caso “enfatiza o potencial de infecções persistentes e de evolução viral acelerada em estados imunocomprometidos”. O caso, entretanto, é extremamente raro e não deve ser levado como um padrão para a covid-19.

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