Hidroxicloroquina será testada em cerca de mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus, diz diretor do Albert Einstein

Por Redação/RedeTV! - 26.03.2020

O procedimento pode ser um importante aliado dos profissionais da saúde no tratamento de pacientes acometidos por diversos tipos de doenças e até mesmo em perícias no caso de intoxicações por uso abusivo de fármacos ou mortes por overdose

hidroxicloroquina, medicamento usado no combate ao lúpus e à artrite reumatoide, será testada em cerca de mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus (Covid-19). É o que afirmou Otávio Berwanger, diretor de pesquisas clínicas do Hospital Israelita Albert Einstein, em entrevista ao UOL.

Pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Sírio Libânes e BRICNet são os responsáveis pelos testes. “O estudo será feito de forma colaborativa. Consideramos que não é o momento de uma instituição competir com a outra, mas se unir para conseguir resultados o mais rápido possível. Desenhamos um projeto que envolve centenas de pacientes — até agora, os estudos feitos são muito pequenos — e será dividido em três: Coalização covid-19 Brasil I, que testará medicamentos em pacientes que não estão em estado grave mas apresentam sintomas como falta de ar leve, febre e tosse persistente. São aqueles casos que não podemos tratar em casa, mas que não requerem cuidados intensivos. Para essa fase, 600 pessoas serão testadas com três estratégias diferentes: um grupo receberá a hidroxicloroquina com a azitromicina, o outro receberá apenas a hidroxicloroquina e os últimos 200 não receberão nenhuma das duas drogas, apenas as outras terapias já usadas para controlar os sintomas. Coalização covid-19 Brasil II, nosso primeiro projeto a ficar pronto e o que deve iniciar os testes primeiro. É voltado para 440 pacientes de maior gravidade, que necessitam auxílio com oxigênio e estão na unidade semi-intensiva ou intensiva. Dividiremos em dois grupos: um receberá a terapia combinada e a outra metade, só a hidroxicloroquina. Como são casos mais preocupantes, achamos melhor não ter participantes que não recebem pelo menos uma das drogas. E o Coalização covid-19 Brasil III, em que avaliaremos a efetividade da dexametasona, uma medicação com ação anti-inflamatória, para 284 pacientes com insuficiência respiratória grave, que necessitam de suporte de aparelhos (ventilador mecânico) para respirar”, explicou Berwanger.

O diretor de pesquisas clínicas do Hospital Israelita Albert Einstein também detalhou a diferença entre a hidroxicloroquina e a cloroquina: “São medicamentos com composições diferentes, mas muito parecidos em benefícios clínicos. Optamos pela hidroxicloroquina porque a droga tem um tempo de ação e perfil de segurança que parecem apropriados para serem testados nos pacientes, mas só os resultados poderão confirmar. Também há estudos internacionais testando a cloroquina para pacientes com a covid-19”.

Cerca de 70 hospitais em todas as regiões do Brasil farão os testes. “Acredito que os primeiros testes começarão nos próximos dias. O projeto foi montado em tempo recorde. Idealizamos em questão de dias o que geralmente é feito em seis ou até 12 meses. Agora, estamos em fase de aprovação —o que já conseguimos para o Coalização covid-19 Brasil II”, completou Otávio Berwanger.

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