“Não quero mais viver”. “Queria que Deus me levasse daqui”. “Não vejo mais sentido para a vida”. “Vou deixar vocês em paz”. “Eu sou um peso para as pessoas”. Se você tem ouvido frases desse tipo de pessoas do seu convívio pode ligar o sinal de alerta. Isso porque o autor dessas declarações pode estar necessitando de ajuda. No mês de prevenção ao suicídio, o médico psiquiatra do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB/Ebserh), Mário Vasconcelos, fala sobre o assunto que ainda tem sido tabu para a sociedade.
“É muito importante familiares e amigos, ao ouvir esse tipo de frase, tentar entender melhor o sofrimento da pessoa e auxiliar de uma maneira empática, orientando busca pelo cuidado de saúde mental. A maioria das pessoas que comete o suicídio avisou ou deu sinais prévios ao ato”, adverte o especialista, que atua como coordenador do Ambulatório de Psiquiatria do HULW.
Os transtornos psiquiátricos como depressão, esquizofrenia, transtornos por uso de substância e bipolar são os principais fatores de risco para a pessoa cometer suicídio. Mas não são os únicos. Entre as causas estão ainda baixo suporte social, tentativas de suicídio prévias, abuso infantil, acesso a meios mais letais (como armas), perda de emprego e isolamento social.
“Outras doenças clínicas incapacitantes ou sem possiblidade de cura também representam risco. Lembrando que, muitas vezes, o ato se dá por uma junção de fatores, não apenas por um isolado”, explica Mário. Segundo estimativas, população indígena e pessoas do sexo masculino estão mais propensas ao ato.
Quanto melhor o tratamento e o suporte social, melhor será o desfecho e menor o risco da ocorrência do suicídio. Um trabalho conjunto envolvendo psicólogo, psiquiatra e família ajuda a diminuir significativamente as chances de a pessoa cometer o ato.
“A intervenção vai depender de paciente para paciente, mas todos devem passar por avaliação psiquiátrica para saber se há um transtorno mental subjacente e iniciar o tratamento adequado. Também é obrigatório o acompanhamento psicológico para que sejam trabalhadas as angústias, os gatilhos e promover meios de resolução de problemas que levem a desfechos favoráveis”, citou.
COMO AJUDAR
Sempre que estiver diante de alguém com transtorno mental ou que emita frases de alerta como as citadas no início da matéria, procure psicológica e/ou psiquiátrica para esta pessoa. “Deve-se entender o que a pessoa está passando. Muitas vezes a família não compreende e diz que é falta de Deus, falta do que fazer, quem quer se matar não avisa, e isso tudo não é verdade. Todo ser humano tem o instinto de sobrevivência. Então, para ele romper com esse instinto, a dor e o desespero estão sendo insuportáveis”, destaca o psiquiatra Mário Vasconcelos.
Pessoas com risco alto de suicídio devem ficar sob supervisão constante de um responsável. A primeira atitude diante do menor sinal é conversar sem julgar, sem recriminar, sem diminuir o sofrimento da pessoa. O segundo passo é retirar do alcance todos os meios que possam ser utilizados como objetos como faca, punhal, navalha, cordas, cordões, fios, veneno e demais substâncias químicas. Outra orientação para os familiares é recolher e trancar medicamentos, inclusive os indicados para hipertensão arterial, diabetes, e os analgésicos. Se a pessoa mora em prédio, importante colocar telas ou grades em todas as janelas.
Em João Pessoa, o atendimento para esses casos pode ser feito no Pronto Atendimento em Saúde Mental (Pasm), localizado no Complexo do Hospital de Trauma de Mangabeira. Existem também os Centros de Atenção Psicossocial espalhados por alguns bairros da cidade que tem a finalidade de acolher pessoas em sofrimento mental. Outro meio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que funciona através do telefone 188 e também via e-mail e chat através do site https://www.cvv.org.br/.
Assessoria de comunicação