Cientistas do governo britânico têm cada vez mais indícios que a variante do coronavírus detectada pela 1ª vez no Reino Unido é mais mortal que o vírus original. Em janeiro, os pesquisadores disseram que havia uma “possibilidade realista” de que a variante fosse mais letal. Agora, eles afirmam que é “provável” que a variante esteja ligada a um risco maior de hospitalização e morte. As informações são do jornal The New York Times.
O governo britânico não anunciou publicamente as novas descobertas baseadas em estudos sobre a variante, conhecida como B.1.1.7. Documento publicado em site do governo na 6ª feira (12.fev.2021) indica que as pesquisas foram usadas em reunião da alta cúpula britânica.
A variante já foi detectada em, pelo menos, 82 países. Cientistas norte-americanos estimam que ela está se espalhando rapidamente pelos Estados Unidos. Avaliam que a B.1.1.7. pode acabar tornando-se a versão dominante do vírus no país em março.
“Calcular quando podemos aliviar restrições tem que ser influenciado por isto“, disse Simon Clarke, professor associado de microbiologia celular na Universidade de Reading, ao New York Times sobre as novas descobertas. “Ele fornece provas extras de que esta variante é mais letal do que aquela com a qual lidamos da última vez“.
A maioria dos casos de covid-19, mesmo os causados pela nova variante, não são fatais. Os cientistas têm somente estudos preliminares, com uma pequena proporção das mortes em geral, o que torna difícil mostrar o quanto o risco aumentado pode estar associado à nova variante.
Pesquisadores dizem que precisam de estudos mais abrangentes para examinar o efeito da variante de maneira mais conclusiva. Até o momento, os estudos estimam que a variante pode ser de 30% a 70% mais letal do que o vírus original.
As novas evidências permitem “aumentar a confiança na associação” da nova variante “com maior gravidade da doença“, dizem os cientistas.
A variante B.1.1.7 é considerada de 30% a 50% mais transmissível que o vírus original.
REINO UNIDO IDENTIFICA 2ª MUTAÇÃO
Pesquisadores identificaram uma 2ª mutação na variante do coronavírus encontrada no Reino Unido. A nova forma do vírus, considerada “preocupante” pelos responsáveis pelo estudo, já foi identificada na África do Sul e no Brasil.
Depois da análise de 214.159 sequências genéticas da variante britânica (a B.1.1.7), foi achada em estudo realizado em 26 de janeiro uma 2ª mutação, chamada E484K (e apelidada de Erick).
Mutações de vírus são comuns e esperadas. A maioria delas é inofensiva ou pode ser até prejudicial ao próprio vírus. Por outro lado, algumas preocupam os cientistas, como o caso Erick e da N501Y, apelidada de Nelly, que era a única encontrada na B.1.1.7.
Essas duas mutações afetam a proteína conhecida como Spike (espícula), que facilita a entrada do patógeno na célula humana e tornam o coronavírus mais contagioso. Porém, existe uma maior preocupação em relação à Erick, pois tem mostrado maior possibilidade de reduzir a eficácia das vacinas contra a covid-19. Assim, os imunizantes que estimulam a produção de anticorpos poderiam deixar de ser efetivos.