Farmacêuticos sergipanos no combate ao Coronavírus

A atuação do farmacêutico hospitalar é imprescindível no acompanhamento e tratamento do paciente - Por Conselho Federal de Farmácia. Página especial Covid.

Foto: Conselho Federal de Farmácia

Em quase seis meses a pandemia causada pela Sars-CoV-2 sobrecarregou o sistema de saúde no Brasil, sendo necessária a adequação temporária de hospitais de campanha para atender a pacientes acometidos pelo vírus. A farmacêutica aracajuana, Klécia Santos dos Anjos, é Responsável Técnica no hospital de campanha de Aracaju, Cleovansóstenes Pereira De Aguiar, coordenando 31 farmacêuticos que trabalham na linha de frente lutando junto aos médicos, fisioterapeutas enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, técnicos de enfermagem entre outros profissionais.

Batizado em homenagem ao ex-prefeito e um dos fundadores do curso de medicina da Universidade Federal de Sergipe, o hospital que conta com 152 leitos foi instalado no Estádio João Hora de Oliveira, localizado no bairro Siqueira Campos. A farmacêutica coordena diretamente a equipe de farmacêuticos no hospital juntamente com a coordenação da Rede de Assistência Farmacêutica e Insumos (REAFI) do município de Aracaju. “Enquanto Responsável Técnica, trabalho 40 horas semanais, tenho o compromisso de garantir adequações descritas na Legislação Farmacêutica e estabelecer os serviços Farmacêuticos na unidade. Além disso, preciso programar e padronizar os serviços clínicos, gerenciar o controle de estoque de medicamentos e insumos. Participo do Colegiado do Hospital e também busco garantir o uso do sistema informatizado de Assistência Farmacêutica. Ademais, tenho a principal responsabilidade de solucionar problemas técnicos, contribuindo com a garantia do uso seguro e adequado de medicamentos”, afirma, Klécia.

O hospital de campanha apresenta seis farmácias satélites, uma farmácia central e um Almoxarifado. De acordo com a farmacêutica coordenadora, os farmacêuticos da satélite possuem contato direto com os pacientes e outros profissionais de saúde atuando na linha de frente bem próximos do vírus. “Existem atribuições farmacêuticas específicas nesse enfrentamento, destacando a garantia dos medicamentos prescritos para cada paciente durante um período e intervenções clínicas debatidas com a equipe médica e equipe de enfermagem durante vários momentos da rotina. Todo o trabalho de nós farmacêuticos busca garantir o uso adequado de medicamentos para promover a recuperação do estado de saúde das pessoas internadas na unidade hospitalar”, explica.

A farmacêutica graduada na Universidade Federal de Sergipe (UFS) reitera que diante da delicada situação os equipamentos de proteção individual são fornecidos para todos os farmacêuticos de forma regular. “É um trabalho complexo. A profissão farmacêutica apresenta regulamentações técnicas bem específicas e criteriosas. Nesse sentido, assegurar esses parâmetros não é algo tão simples, nem rápido. É um trabalho contínuo para padronização e treinamento de toda equipe”. Klécia dos Anjos, esclarece que está sendo uma experiência gratificante trabalhar nesse momento histórico e conseguir contribuir profissionalmente. “Particularmente, venho de uma universidade pública e entendo o investimento realizado para minha formação acadêmica, além da responsabilidade de fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) em um momento de pandemia, em uma realidade muito atípica. Diante disso, coordenar uma equipe de profissionais da saúde em um Hospital de Campanha é algo incomparável na minha carreira profissional”.

Sem sombra de dúvidas a atuação do farmacêutico hospitalar é imprescindível no acompanhamento e tratamento do paciente. “Temos o papel importante em vários espaços da atual conjuntura. Trabalhamos garantindo os medicamentos e insumos para cada paciente e realizamos o monitoramento farmacoterapêutico, revisão de prescrição, avaliação e resolução de problemas relacionados à farmacoterapia durante toda permanência no hospital. Dessa maneira, é um trabalho que vai desde logística até a clínica”, pondera.

A conselheira federal de Farmácia pelo estado de Sergipe, Fátima Aragão, expõe sua gratidão e reconhecimento do trabalho prestado pelos farmacêuticos. “Quero parabenizar todos os farmacêuticos que estão em linha de frente no combate ao COVID-19 no Estado, nos mais diversos segmentos. Agradeço em especial a farmacêutica Klécia dos Anjos e sua equipe de 31 farmacêuticos que estão no hospital de campanha de Aracaju realizando desde a logística dos medicamentos ao controle, dispensação e acompanhamento terapêutico, também pelo enfrentamento dos grandes desafios que essa equipe bem treinada está realizando. O sistema CFF/CRF está orgulhoso de todos os trabalhos essenciais a saúde pública prestados pelos colegas farmacêuticos. Mesmo diante dos diversos problemas relacionados a falta de leitos e ameaça da falta de medicamentos além do risco de contágio, todos os profissionais da saúde estão cumprindo sua missão”, pontua a conselheira.

Trabalhando tão próxima da COVID-19, recentemente a farmacêutica apresentou alguns sintomas que a deixaram em alerta, entretanto, testou negativo. “A sensação é de permanente vigilância, não temos como saber quando seremos contaminados ou não, nem a gravidade da doença que podemos desenvolver. É um vírus ainda pouco conhecido, sem tratamento específico, nem vacina. É preciso se proteger toda hora, em todos os locais, seguir o isolamento social e nunca negligenciar o uso de EPIs, mesmo que tudo isso seja muito cansativo até para nós profissionais da saúde. Quando você é um farmacêutico hospitalar que atende pacientes com COVID-19, você convive com o risco de ser assintomático e contaminar a sua família, mesmo assim seguimos nessa luta. Neste momento, é importante acreditar na ciência, acreditar nas pesquisas, nos tratamentos com efeitos consistentes, ter esperança que tudo isso vai acabar e seguiremos nossas vidas”, conclui, Klécia Santos dos Anjos.

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