A saudade do ambiente familiar, de estar rodeado de pessoas que ama e do contato com os parentes fragilizam ainda mais quem está hospitalizado em virtude da covid-19. Esse distanciamento afeta a saúde emocional e, como consequência, pode comprometer até mesmo o quadro clínico desses pacientes.
Pensando em aproximar familiares e pessoas internadas com a doença, auxiliando na recuperação, o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB/Ebserh) passou a realizar videochamadas e, com isso, permitir o contato nesse período tão difícil de pandemia causada pelo novo coronavírus.
O projeto das visitas virtuais foi idealizado através de uma parceria entre a equipe da Unidade de Terapia Intensiva do HULW e o Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) do hospital. Entre os objetivos, estão: promover o direito a uma assistência à saúde integral e humanizada; e fortalecer o vínculo entre usuários e familiares.
Pacientes que estão internados na UTI passaram a receber ligações de seus familiares. Em breve, também serão disponibilizados áudios dos parentes para aqueles que estão inconscientes e, consequentemente, não podem se comunicar.
“Nós avaliamos o nível cognitivo do paciente para verificar se ele tem condições de falar com o familiar. O profissional da equipe escolhe o melhor momento para que seja possível realizar as videochamadas. No caso dos áudios, a gente vai colocar o aparelho próximo ao paciente, mesmo ele estando sedado, pois a audição continua preservada”, afirma a enfermeira Márcia Abath, da UTI Covid do HULW. O trabalho envolve uma grande equipe composta por médicos, fisioterapeuta, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistente social, psicólogo e terapeuta ocupacional.
Não é possível fazer pré-agendamento das visitas, já que o dia a dia em uma Unidade de Terapia Intensiva é sempre muito dinâmico e estabelecer horários não é viável. Portanto, cabe aos profissionais fazerem a avaliação do momento ideal para realização das videochamadas.
“As visitas ocorrem segundo a dinâmica do dia, ou seja, o profissional avalia para definir se é o momento adequado para acontecer, levando em consideração vários fatores como, por exemplo, a situação do paciente. Cabe ao Serviço Social a mediação com a família no sentido de repassar orientações e identificar o familiar de referência”, explica Dandara Correia, assistente do social e integrante do Grupo de Trabalho de Humanização do HULW.
A enfermeira Márcia Abath disse que proporcionar esses momentos de contato entre pacientes e familiares, em um cenário de pandemia, está sendo muito satisfatório para toda a equipe que atua no enfrentamento da doença.
“Todos os profissionais estão envolvidos nessa tarefa e fazem com dedicação e amor. Vem sendo uma ferramenta de trabalho que nos dá o maior retorno. A gente não tem nem como quantificar a satisfação na hora em que podemos possibilitar o mínimo de contato e receber a efetividade dos familiares”, conta.
OBJETIVOS DAS VISITAS
• Interagir remotamente os usuários internados na UTI (COVID 19 e Não COVID 19) com os seus familiares, bem como desses familiares com os profissionais do setor, através de chamadas de vídeo/voz ou gravação de áudio, realizadas pelo aplicativo WhatsApp;
• Reduzir os possíveis impactos das medidas de distanciamento social nos usuários(as) internados(as), tais como: delírio, depressão, estresse, ansiedade, entre outros;
• Promover o direito a uma assistência à saúde integral e humanizada;
• Fortalecer o vínculo usuário-família e serviço-família;
• Garantir o Direito à Informação, bem como o direito do paciente à visita com segurança, de forma virtual;
• Obter informações sobre o usuário que auxiliará os profissionais na identificação de suas necessidades e de um diagnóstico mais abrangente.