A indústria farmacêutica norte-americana Moderna tem tido atrito com cientistas ligados ao governo dos Estados Unidos devido a testes para a vacina contra a Covid-19. Administração do país está apoiando o projeto com quase US$ 500 milhões (R$ 2,67 bilhões).
O governo do presidente Donald Trump selecionou a Moderna como uma das primeiras para fazer testes de larga escala de uma vacina contra a Covid-19 em humanos. Mas a empresa – que nunca produziu uma vacina aprovada ou realizou um grande teste – vem se desentendendo com cientistas ligados à administração nacional a respeito do processo.
De acordo com três fontes cientes do projeto de vacina ouvidos pela Agência Reuters, a Moderna atrasou a entrega de protocolos de teste e resistiu ao conselho de especialistas sobre a maneira de conduzir o estudo.
Segundo essas fontes, tais tensões, que não haviam sido noticiadas anteriormente, contribuíram para um atraso de mais de duas semanas no início do teste da candidata a vacina da Moderna, agora esperado para o final de julho. A Moderna “poderia estar no prazo se fosse mais cooperativa”, disse dos entrevistados à Reuters.
Os desentendimentos provocaram receios a respeito da inexperiência da novata empresa de biotecnologia e do que as fontes descreveram como sua falta de pessoal e especialização para supervisionar a fase mais crítica dos testes com humanos.
Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, o governo dos Estados Unidos não está enfrentando problemas semelhantes com farmacêuticas estabelecidas como AstraZeneca e Johnson & Johnson, que trabalham em outras candidatas a vacina.
A Moderna negou qualquer passo em falso de sua parte, mas admitiu “diferenças de opinião” com especialistas envolvidos no esforço de cumprir a promessa do governo Trump de encontrar uma vacina ainda em 2020 (lembrando que o presidente concorre à reeleição neste ano).
Normalmente, é necessário ao menos uma década para se desenvolver uma vacina, e muitas iniciativas sequer produzem uma. A Moderna assegura que tem uma equipe experiente que inclui pessoas que realizaram diversos testes de larga escala.
A empresa e outros desenvolvedores de vacina estão trabalhando com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH) e com a Food and Drug Administration (FDA), e também com redes de imunologistas e outros especialistas em vacinas encarregados pelo NIH de ajudar a supervisionar o projeto de testes.
Já o programa de vacinas Warp Speed (Operação Velocidade de Dobra Espacial) do governo norte-americano está aos cuidados do Departamento de Saúde e de Serviços Humanos (HHS) em parceria com outras agências, e as apostas não poderiam ser maiores – mais de 130 mil norte-americanos já morreram na pandemia, e a urgência por uma vacina só cresce agora que a taxa de infecção do coronavírus está aumentando em 39 estados, segundo a Reuters.