Pesquisa quer saber se a genética interfere nos sintomas da Covid-19.

Portal UFRN

Foto Freepik

Pesquisadores da UFRN vão sequenciar o genoma de pessoas que tiveram Covid-19 para investigar se existe alguma diferença, do ponto de vista do DNA, no desenvolvimento de sintomas. Eles querem descobrir porque algumas pessoas têm os sintomas agravados, chegando a óbito, enquanto outras são assintomáticas. A hipótese é que a diversidade genética explique essa diferença, sendo algumas pessoas mais protegidas que outras.

O trabalho acontece graças a uma parceria entre o Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas (DACT) do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRN) e a Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Trata-se de um consórcio que envolve 45 instituições de pesquisa de 12 países, incluindo a maioria da América Latina. No Brasil, participam a UFRN e a UFRJ. Serão coletadas amostras de 8 a 12 mil pessoas no mundo nas próximas três semanas.

No RN, serão recrutados 300 voluntários em parceria com o Instituto de Medicina Tropical (IMT/UFRN), Hospital São Lucas, em Natal, e a Secretaria Municipal de Saúde de Macaíba. O trabalho tem a coordenação da professora Vivian Nogueira Silpiger, do DACT, com colaboração dos estudantes do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF). “São anos de cooperação neste projeto, principalmente com a Espanha, mostrando que o DNA do povo potiguar tem uma composição genética única”, explica Vivian.

O consórcio espera ter o resultado dessa investigação em um ano. Para isso, analisará os dados em duas etapas. Na primeira, será observado o genoma de toda a população pesquisada para saber as diferenças de prognóstico. Depois, observará as diferenças de cada região do mundo para que seja feito um sequenciamento mais profundo, base por base, para verificar os marcadores que determinam a resistência ou susceptibilidade de cada grupo observado.

Para André Luchessi, chefe do DACT, esse estudo é muito importante porque trabalhos anteriores têm como base análises da Europa e América do Norte, regiões que não possuem um grau de miscigenação como no Brasil. Descobrir se essa diversidade pode estar contribuindo, ou não, com melhor prognóstico, torna-se, na visão dele, fundamental para saber o impacto dessa doença, permitindo melhor atuação das instituições de saúde e governos.

“Se devido a mistura que temos em nosso DNA, no nosso genoma, a gente for mais vulnerável, nossa política de saúde precisa mudar e não se basear em políticas utilizadas por outros países sem o grau de miscigenação que temos. Se acontecer o contrário, nossa população ser mais protegida à infecção e ao desenvolvimento de sintomas graves, nesse caso não será preciso usar políticas de saúde pública mais rígidas porque nosso genoma estaria nos protegendo”, explica André, reforçando os objetivos do estudo.

O grupo está disponibilizando telefones para que as pessoas ajudem na pesquisa, identificando quem teve a doença e possa colaborar voluntariamente. Os números são: (84) 9 9939-4224; (84) 9 8722-1543; (84) 9 8895-1707; (84) 9 9897-0052; (84) 9 9637-1494; (84) 9 9618-8058; (84) 9 9916-1164 e (84) 9 9706-8706.

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