Um estudo desenvolvido pelo Laboratório de Inteligência Artificial e Macroeconomia Computacional (Labimec) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aponta que o pico de contágios por Covid-19 na Paraíba será no início de junho, atingindo 5% da população, com 190.078 casos.
O prognóstico é mantido quando aplicado, por exemplo, à cidade de João Pessoa, sendo esperados 35.457 casos, o que corresponde a 4% da população do município.
“Com estas previsões, podemos auxiliar gestores públicos no enfrentamento da pandemia, por meio de tomada de decisões, a fim de gerenciar os riscos”, avalia Maria Daniella Silva, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo.
A estimativa foi realizada com base no modelo epidemiológico SIR, usado para medir a evolução de epidemias contagiosas. Para isso, indivíduos de determinada população são definidos em Susceptíveis (S), Infectados (I) e Recuperados (R).
Para o estudo, foram feitas três suposições: a população é constante, com isso, não é levado em consideração os nascimentos e as mortes durante a pandemia; os indivíduos são igualmente susceptíveis à doença; as pessoas ficam imunes após uma única infecção.
Maria Daniella Silva explica que os resultados não estão levando em conta nenhuma medida de contenção de interação humana. “Isso achataria a curva, ou seja, reduziria o número máximo de infectados”.
O modelo de previsão também não considera a existência de subnotificação dos casos. “O número de infectados pode ser maior que o apresentado oficialmente. Todo modelo de previsão está sujeito a erros”.
Nesta terça (12), segundo a Secretária de Saúde do Estado, a Paraíba registrou o maior número de casos e óbitos em um único dia. Foram 252 novos casos de Covid-19 e 15 óbitos causados pela doença. Assim, a Paraíba atingiu 2.777 casos de Covid -19. Desses, 154 faleceram e 601 se recuperaram. Outros 3.137 casos investigados já foram descartados.
Por meio dos boletins da pasta estadual, o Laboratório de Inteligência Artificial e Macroeconomia Computacional da UFPB levantou que, das mortes provocadas pela Covid-19, 60,2% pessoas tinham 60 anos ou mais, grupo de risco da doença. Outras 74,2% tinham comorbidades, tais como hipertensão, diabetes e problemas cardíacos. Com relação ao sexo das vítimas, 36,6% são mulheres e 63,4% homens, com média de idade de 64 anos.
Isolamento
A partir de dados da geolocalização de smartphones do sistema Android captados pela Google, o laboratório da UFPB também analisa o nível de circulação de pessoas em determinados locais, com a finalidade de monitorar o cumprimento da política de isolamento social.
Os dados constatam que houve uma grande variação na circulação de pessoas no dia 21 de abril, que foi o máximo de isolamento social no período, chegando a uma variação negativa de 78% da circulação de pessoas em lojas e ambientes de recreação, devido ao feriado de Tiradentes.
Já no dia 26 de abril, foi observado grande aumento da circulação de pessoas e um certo descumprimento da política de isolamento implementada, o que pode ser preocupante para o sistema de saúde paraibano e para a sociedade como um todo.
Reações
O mapeamento do Twitter, produzido pela unidade de pesquisa, teve como foco a reação dos usuários brasileiros a notícias relacionada à Covid-19. Para isso, foram coletados 90 mil tweets de 4 a 8 de maio.
Através de machine learning, um método de análise de dados, os tweets da segunda-feira (4) apresentaram um novo ápice do sentimento negativo. Isso ocorreu devido a notícias e acontecimentos do final de semana, além da divulgação de que o país havia ultrapassado 100 mil casos confirmados e mais de 7 mil óbitos.
Na dia 7 de maio, houve uma redução brusca desse sentimento, que pode ser atribuída à divulgação da descoberta, por parte de Israel, de um anticorpo que “neutraliza” o coronavírus e também ao relatório feito pelo Imperial College de Londres, com foco no Brasil, que recomenda a adoção de medidas mais severas para conter a explosão da pandemia.
Desde então, algumas cidades começaram a discutir e implantar o lockdown, isolamento total, e a reação de “alívio” por parte de alguns usuários foi captada, uma vez que o Twitter se trata de uma ferramenta de monitoramento em tempo real.
As análises do laboratório acompanham a pandemia do novo coronavírus desde o início de abril. O grupo é formado ainda pelos pesquisadores Cássio Besarria, Valéria Besarria, Fabyan Esberard, Pierre Hítalo, Flávio Macaúbas, Daniel Campesi e Guilherma Mazala. É possível acompanhá-los pelo perfil do laboratório no Instagram.
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Reportagem: Carlos Germano | Edição: Pedro Paz
Ascom UFPB