Pesquisa realizada pelo Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento (LPNeC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) indica que o Transtorno do Espectro Autista (TEA), conjunto de diferentes síndromes marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico, também pode causar problemas na visão.
De acordo com a pesquisadora Gabriella Medeiros, sob orientação do professor Natanael Santos, os resultados preliminares sugerem que autistas podem manifestar alterações ou perdas visuais na percepção de detalhes em objetos, a depender do ambiente e condições de luminosidade.
Os testes foram realizados por meio da identificação de estímulo (imagem) que poderia aparecer do lado esquerdo ou direito da tela de um monitor. O nível de contraste da imagem era alterado conforme as respostas do participante.
“O teste era iniciado com a imagem de forma mais nítida. O nível do brilho era diminuído de acordo com o número de acertos. O intuito era identificar a partir de qual momento o participante deixava de enxergar que havia algum estímulo na tela”, conta Gabriella Medeiros.
De acordo com a pesquisadora, os participantes apresentaram mais dificuldades para identificar detalhes finos. “Nosso estudo pode explicar como os distúrbios neurodesenvolvimentais afetam o Sistema Nervoso Central. Nesse caso, poderá otimizar o tratamento e prognóstico clínico dos autistas.”
Novos experimentos devem ocorrer ainda durante a pandemia do novo coronavírus, só que agora em uma perspectiva comunitária, a fim de atender, de modo prático, ao grupo social dos autistas.
Em um deles, será feita a avaliação da percepção cromática, com 24 placas pseudoisocromáticas de Ishihara, que rastreiam deficiências para percepção de cores, especialmente verde-vermelho.
Devido ao isolamento social, as placas serão apresentadas através de uma chamada de vídeo e o participante deverá verbalizar o que está vendo no interior de cada uma.
“Também aplicaremos a Escala de Avaliação da Percepção Visual (EAPV). No teste, o participante é orientado a verbalizar qual das imagens se assemelha ao primeiro estímulo apresentado”, adianta a pesquisadora.
Com a volta das atividades presenciais na UFPB, será executado o rastreamento do movimento ocular (eye tracking), que realiza monitoramento da posição relativa dos olhos durante a aplicação de alguns testes.
Alguns dos participantes foram indicados por reabilitadoras da Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (Funad), em João Pessoa. Os resultados serão entregues aos colaboradores, a fim de subsidiar e otimizar seus tratamentos.
Interessados em participar do estudo devem entrar em contato pelos telefones (83) 98166.4312/99908.2777 ou e-mail medeirosgabriella7@gmail.com. Também é possível acompanhar as ações pelo perfil do grupo no Instagram.
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