Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram um conta-gotas inédito, batizado de Ping, com aviso sonoro. A tecnologia assistiva funciona mediante um bip emitido a cada gota que atravessa um sensor, com o intuito de auxiliar na contagem.
O invento, registrado pela Agência de Inovação Tecnológica (Inova) da UFPB, é indicado para cegos, pessoas com baixa visão, idosos ou qualquer indivíduo que tenha dificuldade visual para administrar medicamentos em gotas, a fim de evitar erro de dosagem.
O aparelho é resultado dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) do estudante de Engenharia de Produção Mecânica, João Victor Nogueira, e da estudante de Engenharia Elétrica, Rosiane Agapito da Silva. Eles foram orientados, respectivamente, pelos professores Fábio Borges e Euler Macedo.
Com um tamanho de oito centímetros, o protótipo do Ping é feito de plástico ABS, uma resina termoplástica derivada do petróleo. O dispositivo foi confeccionado por meio de uma impressora 3D, para manter o baixo custo.
“O produto é inclusivo também no preço. Hoje, o item mais caro para sua produção é a bateria, uma pilha de controle remoto de portão eletrônico, que custa entre R$ 3 e R$ 5. Portanto, o aparelho deve chegar ao mercado com preço bem acessível”, afirma João Victor Nogueira.
O dispositivo foi desenvolvido em um ano e meio, mas a ideia teve origem em 2014, a partir de um projeto no âmbito da disciplina Planejamento e Projeto do Produto, cursada pelos estudantes de engenharia. João Victor Nogueira ressalta que aparelho possibilitará mais autonomia às pessoas com alguma limitação visual.
“Eu já tinha contato com o Instituto dos Cegos em João Pessoa, por causa de um trabalho realizado durante meu Ensino Médio. Eles têm a necessidade de um produto que os auxiliem a tomar remédio em gotas. Há também as mães cegas que não conseguem dar remédio em gotas para os seus filhos”, conta o estudante.
“Tem remédio que não tem problema nenhum em passar um pouco da dosagem, mas há outros que oferecem risco de overdose, principalmente para uma criança pequena”, argumenta João Victor Nogueira.
O estudante relata que, sem um dispositivo como este, as pessoas com deficiência visual têm que pedir a alguém para administrar um medicamento ou pingar um líquido em um copo posicionado perto do ouvido.
“Essa prática não é confiável, porque, após uma certa quantidade de gotas, forma-se uma lâmina de líquido no fundo do copo, comprometendo a precisão.
Cerca de 20% da população mundial tem algum tipo de deficiência visual. Nesse contexto, João Victor ressalta que o produto não foi criado para gerar uma demanda. “Pelo contrário, foi desenvolvido para atender a uma demanda de mercado”.
O design do produto foi desenvolvido pela Spark, empresa holandesa com base no Recife (PE), que foi contratada para esse fim. O invento também contou com os trabalhos da empresa Contra Criativos, aceleradora de startup responsável por criar um modelo de negócios e estratégias de pré-produção, para que o produto chegue ao mercado.
O dispositivo está em fase de ajustes e depende de programas de incentivos para chegar ao mercado. “Não é barato desenvolver um produto sem um aporte financeiro”, explica João Victor Nogueira.
Também colaboraram no início da pesquisa, durante a disciplina Planejamento e Projeto do Produto, os estudantes Luciano Costa e Luciano Cabral e Silva.
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Reportagem: Aline Lins | Edição: Pedro Paz