Em 15 de julho é comemorado o Dia do Homem. A data, instituída pela Ordem Nacional dos Escritores em 1992, tem o objetivo de alertar para a necessidade de conscientização sobre a saúde da população masculina. Os homens, por exemplo, são mais propensos do que as mulheres a ter doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no Brasil e no mundo.
De acordo com o cardiologista e pesquisador Valério Vasconcelos, a cada três mortes de pessoas adultas no Brasil, duas são de homens. “No Brasil os homens vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevadas”, afirma.
O especialista explica que tal cenário está relacionado ao perfil e estilo de vida das mulheres, que se cuidam mais. “As mulheres fumam menos, bebem menos e se tratam mais do que os homens. Elas agridem menos seus corpos. Mulher vai ao médico, faz exames e os homens, não”, diz Valério Vasconcelos, que também é autor do livro “O coração gosta de coisas boas”.
Geralmente, explica o médico e escritor, os homens adoecem mais porque têm medo de descobrir doenças, não seguem os tratamentos recomendados, acham que nunca vão adoecer e por isso não se cuidam. “Além disso, os homens não procuram os serviços de saúde, estão envolvidos na maioria das situações de violência, não se alimentam adequadamente, não praticam atividade física com regularidade e utilizam com maior frequência álcool e outras drogas”.
O especialista acrescenta: “A diferença entre hormônios femininos e masculinos está entre as hipóteses aceitas por gerontologistas para explicar a vantagem das mulheres. Esse efeito antioxidante protegeria as mulheres das doenças cardiovasculares, que são mais comuns em homens e são as principais causas de morte”.
Com um estilo de vida que prejudica a saúde do coração, os homens geralmente são mais acometidos do que as mulheres por infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), arritmia cardíaca e hipertensão arterial. “Assim como a obesidade, as causas das doenças cardiovasculares podem ser genéticas, mas o principal motivo são os comportamentos negativos corriqueiros, como a má alimentação, o tabagismo, o colesterol alto e a pressão alta não tratada, dentre outros fatores”, afirma Valério Vasconcelos.
Além disso, a cardiopatia hipertensiva também é mais corriqueira na população masculina. Conforme o cardiologista e pesquisador, o comprometimento do coração na hipertensão arterial identifica a cardiopatia hipertensiva. “Tal condição leva a alterações anátomo-fisiológicas na função cardíaca como consequência da hipertensão arterial sistêmica, evoluindo com remodelamento cardíaco, com ou sem insuficiência cardíaca congestiva e óbito”, explica o médico. Cerca de 50% dos casos de cardiopatia hipertensiva são diagnosticados aos 55 anos de idade ou mais, atingindo principalmente homens a partir dos 40 anos e as mulheres após a menopausa, quando perdem a proteção estrogênica.
Sexo faz bem para o coração dos homens?
A resposta é sim! O cardiologista Valério Vasconcelos comenta que um estudo publicado esta semana no “American Journal of Cardiology” garante que o sexo não faz bem apenas para o relacionamento. As relações sexuais também ajudam a proteger o coração. Fazer sexo de duas a três vezes por semana pode ter um efeito benéfico para o sistema cardiovascular da ala masculina. Homens com vida sexual menos ativa têm incidência maior de distúrbios como disfunção erétil, colesterol alto e hipertensão.
E por falar em disfunção erétil, o uso indiscriminado da famosa pílula azul também é prejudicial. “A disfunção erétil é um problema que atinge 45% dos homens brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. E o uso de medicamento para solucionar esse problema se mostra eficaz em 75% dos casos. Porém, sem indicação adequada e controle, o uso desse fármaco pode trazer graves danos à saúde”, afirma Valério Vasconcelos.
O especialista comenta que homens com ereção normal também costumam usar medicamento a fim de melhorar a performance sexual. O mesmo ocorre com alguns jovens, no início da vida sexual, que fazem o uso de medicamento para disfunção erétil com o objetivo de se sentirem mais seguros. “Apesar de auxiliarem nesses casos, é preciso ter cuidado, pois o uso pode estar associado a efeitos colaterais, como dores de cabeça, dores de estômago e musculares, calor e rubor facial, surdez temporária, alteração visual e ainda criar uma dependência psicológica do produto”, previne o médico.
O alerta maior do cardiologista, no entanto, é para os pacientes com doenças cardíacas e respiratórias que fazem uso de medicamentos à base de nitrato. “A combinação desses dois medicamentos pode causar uma vasodilatação, colocando a vida desses pacientes em risco”, afirma Valério Vasconcelos. No livro “O coração gosta de coisas boas”, o médico e pesquisador também aponta outros fatores de risco para a saúde do coração.
ASSESSORIA DE IMPRENSA
ANGÉLICA LÚCIO
Jornalista | DRT- 1165