Entre janeiro e maio deste ano, o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB/Ebserh), da Universidade Federal da Paraíba e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), registrou 8.057 faltas de usuários. Dos 50.696 atendimentos agendados, 13.681 se referiam a primeiras consultas e 37.015 a consultas de retorno. Faltaram à primeira consulta, 2.307 pacientes (16,9%); enquanto outros 5.750 usuários (15,5%) que tinham retorno programado também deixaram de comparecer ao hospital na data marcada.
“A falta do paciente no dia marcado para seu atendimento, por qualquer que seja o motivo, prejudica não somente a ele, mas também a outro usuário que poderia estar ocupando aquela vaga de consulta”, afirma Osmar Araújo Júnior, chefe do Setor de Regulação e Avaliação em Saúde do HULW. Além disso, ressalta, “há toda uma equipe que é mobilizada para que o atendimento seja realizado com a mais alta segurança, mas a assistência acaba não ocorrendo”.
Dentre os fatores que podem levar ao absenteísmo, estão enfermidades, esquecimento da consulta agendada, condição social e desencontro de informações. A pandemia de covid-19, claro, também contribui para o número de faltas registrado pelo centro de saúde. “A pandemia impacta por uma série de motivos, dentre eles a preocupação da população em circular num ambiente potencialmente contaminado, que é o próprio hospital, o que faz com que algumas pessoas principalmente as mais vulneráveis, optem por não vir”, afirma José Eymard Medeiros Filho, gerente de Atenção à Saúde do HULW.
“Também temos a situação de que muitos pacientes vêm de outros municípios, geralmente em transporte da prefeitura com mais de um paciente dentro, então gera mais preocupação neles, e as próprias prefeituras evitaram esse foco de aglomeração, para evitar os riscos de transmissão pela covid-19, o que dificultou a chegada de vários pacientes”, acrescenta.
Faltas prejudicam o tratamento dos usuários e o HULW
O agendamento de pacientes para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é feito pela oferta de agendas, baseada na capacidade instalada do HULW. Quando o hospital disponibiliza o máximo de consultas possíveis e perde consultas marcadas porque o paciente não consegue comparecer, as dificuldades aumentam para que o usuário consiga um novo atendimento.
“O paciente que não pôde comparecer nesse dia continua precisando do atendimento, mas, ao mesmo tempo, nós não conseguimos encaixá-lo no outro dia rápido se não tiver uma vaga disponível, já que existe um limite de atendimento e trabalhamos com 100% da capacidade. Então, quanto maior o absenteísmo, maiores as filas e maior o prejuízo”, diz José Eymard.
E a situação tende a ser mais complexa, porque o Hospital Universitário Lauro Wanderley também é prejudicado pelo absenteísmo, não apenas os pacientes. “Como o hospital sobrevive da venda de serviços para a Prefeitura de João Pessoa, cada vez que a gente atrasa o processo de atendimento do paciente, pelo atraso na consulta que também pode ocasionar atraso em cirurgia, ou marcação de realização de exames do paciente, tudo isso impacta no orçamento que o HU recebe da prefeitura, da rede SUS, pelo serviço prestado. Ou seja, as faltas dos pacientes também afetam a capacidade de manutenção de aparelhos, compra de equipamentos e melhoria da assistência”, afirma o gestor.