Ozonioterapia: saiba no que consiste a técnica e para que é usada

Por Catraca Livre

© Igor Alecsander/istock Therapist applying ozone injection to patient's knee.

Depois de remédio para piolho e para malária, a ozonioterapia agora virou assunto do momento. A polêmica começou quando o prefeito de Itajaí, em Santa Catarina, Volnei Morastoni (MDB), sugeriu aplicação de ozônio via retal para pacientes com covid-19. Segundo ele, que é médico e foi diagnosticado com a doença, a terapia seria coadjuvante no tratamento.

Porém, entidades médicas brasileiras fazem alerta contra o uso e propagação da técnica. Segundo nota da Sociedade Brasileira de Infectologia, “até o presente momento, não há qualquer evidência científica que a ozonioterapia proteja contra a covid-19.”

A mesma postura é defendida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que também emitiu uma nota com o mesmo alerta, reforçando que trata-se de procedimento “ainda em caráter experimental, cuja aplicação clínica não está liberada, devendo ocorrer apenas no ambiente de estudos científicos”.

A nota informa ainda que os médicos que prescreverem ozonioterapia aos pacientes estão sujeitos à denúncias e averiguação de suas condutas.

Mas, afinal, o que é ozonioterapia?

Os praticantes da terapia com ozônio aplicam formas gasosas ou líquidas do produto por diversas vias de administração, como endovenosa, intramuscular e retal, com finalidade terapêutica para diferentes condições médicas.

A mistura gasosa tem cerca de 5% de ozônio e 95% de oxigênio e é produzida por equipamentos chamados geradores de ozônio medicinal.

Em contato com o organismo, essa mistura seria capaz de melhorar da oxigenação dos tecidos, a circulação sanguínea e reduzir dor e inflamação. Além disso, o ozônio teria importantes propriedades bactericidas, fungicidas e antivirais.

Segundo os adeptos da técnica, não importa qual seja a doença, o sistema imunológico precisa de oxigênio para reagir contra os invasores do corpo, como bactérias, vírus, células cancerosas, e promover a cura.

O que causa espanto, no entanto, é o número de doenças que a ozonioterapia diz ser capaz de curar e tratar: mais de 200, sendo algumas graves, como câncer e pneumonia.

Um estudo revisado em 2011 relata que a terapia com ozônio teve efeitos terapêuticos nos seguintes usos:

  • tratamento de artrite
  • Combate ao HIV e SARS
  • Desinfecção de feridas
  • Fortalecimento do sistema imunológico
  • Tratamento de doença isquêmica do coração
  • Tratamento de degeneração macular
  • Tratamento do câncer

Até agora, entretanto, não dá para assegurar a eficácia e segurança da terapia.

Terapia de ozônio e o sistema imunológico

Um sistema imunológico funcionando normalmente produz ozônio e outros antioxidantes para eliminar os agentes patogênicos, como vírus e bactérias, mas quando ele está sem oxigênio, fica impossibilitado de de realizar essa tarefa.

Assim, segundo a ozonioterapia, ao introduzir ozônio no corpo, ele pode entrar nas células do sistema imunológico e fazer com que ele volte a funcionar adequadamente.

Além disso, a substância seria capaz de acionar o metabolismo dos glóbulos vermelhos e melhorar a liberação de oxigênio perto dos tecidos que mais precisam.

Origem da ozonioterapia

De acordo com a Associação Brasileira de Ozonioterapia, o ozônio foi descoberto em 1840 e começou a ser utilizado na área da saúde ainda no século XIX, por médicos alemães. O procedimento passou a ser difundido em toda a Europa, no Canadá, México, China, em 23 estados dos EUA e Cuba.

Alguns desses países, usam a ozonioterapia tópica e sistêmica, que serve para tratamento de feridas e doenças, como: pé diabético, hérnias discais, dores crônicas, acidentes vasculares e infecções por herpes de difícil controle.

Hoje, a Ozonioterapia já faz parte dos tratamentos pagos pelos planos de saúde dos governos, como é o caso da Alemanha.

Porém, em 2019, a Food and Drug Administration (FDA) – órgão norte-americano que faz o controle de medicamentos e alimentos – alertou contra o uso da terapia com ozônio.

O motivo é o mesmo que deixa entidade médicas brasileiras com o pé atrás: a falta de um volume suficiente de trabalhos científicos para concluir que é eficaz ou segura para uso médico.

Artigo anteriorPesquisadores testam vacina genética contra zika
Próximo artigoMinistério da Saúde financiará pesquisas em terapias avançadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário.
Por favor, digite seu nome aqui