Pacientes que se recuperam de covid-19 possivelmente perdem a imunidade num prazo de meses, indica um estudo divulgado nesta segunda-feira (13/07). Segundo os autores, do King’s College London, a constatação poderá ter influência “significativa” sobre a forma como os governos vão gerir a pandemia.
Pela primeira vez, os pesquisadores monitoraram por um período os níveis de anticorpos em mais de 90 pacientes confirmados do novo coronavírus. Mesmo os que só apresentaram sintomas leves haviam desenvolvido um certo grau de reação imunológica. Esta reação foi classificada como “potente” em 60% do grupo, nas primeiras semanas após o contágio.
Após três meses, contudo, apenas 16,7% mantinham níveis altos de proteínas neutralizadoras do Sars-Cov-2; e passados outros 90 dias, vários dos participantes não possuíam mais anticorpos detectáveis no sangue.
Ao se defrontar com um perigo externo, como um vírus, o organismo mobiliza determinadas células para rastrear e eliminar o culpado. No processo, são produzidas as proteínas conhecidas como anticorpos, programadas para atacar o antígeno específico que estão combatendo, como uma chave moldada para se encaixar numa determinada fechadura.
Enquanto o paciente apresente suficientes anticorpos, terá imunidade à doença, estando apto a rechaçar futuras infecções. A nova pesquisa do King’s College sugere, porém, que não se pode contar automaticamente com a imunidade ao novo coronavírus: talvez ela só dure alguns meses, a exemplo do que ocorre com outros vírus, como o da gripe.
Em junho, uma pesquisa comandada por cientistas chineses já havia apontado que os anticorpos desenvolvidos pelo corpo humano após uma infecção podem durar apenas dois ou três meses. O estudo também indicou que pacientes assintomáticos infectados pelo Sars-Cov-2 podem ter uma resposta imunológica mais fraca do que aqueles que desenvolveram os sintomas, que incluem febre e tosse.
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