Ministério da Saúde aponta que Covid-19 atingiu mais de 3,4 mil farmacêuticos. CFF

Número é de maio. Nas redes de farmácia, absenteísmo durante a pandemia chega a 15% - Por Comunicação CFF

Crédito: CFF

O Ministério da Saúde, notificou 3.444 casos suspeitos e confirmados de Covid-19 em farmacêuticos da rede pública e privada. O número representa menos de 2% dos 199.768 casos notificados entre profissionais da saúde, 31.790 dos quais, confirmados. O levantamento inclui dados coletados até 13 de maio e tem como base as informações do e-SUS Notifica. Ainda na rede privada, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o afastamento de profissionais nestes estabelecimentos em tempos de pandemia está girando em torno de 10% a 15%, o que representa algo em torno de 2,4 mil a 3,6 mil do total de funcionários.

Os farmacêuticos estão na linha de frente do atendimento à população e a segurança dos profissionais que atuam tanto nas farmácias comunitárias quanto nos demais estabelecimentos de saúde, como hospitais e laboratórios, é uma situação que causa preocupação do Conselho Federal de Farmácia.

O farmacêutico Edgar Barreto Júnior é proprietário de um laboratório de análises clínicas em Morada Nova, no Ceará. Na linha de frente na realização de exames, ele acabou contraindo o novo coronavírus.

“No Ceará a transmissão é desordenada, não sei se contraí no laboratório ou não, mas como estamos na linha de frente realizando os testes e os exames para diagnóstico sorológico para Covid, há obviamente a possibilidade de ter contraído o vírus no laboratório.”

O farmacêutico e mais três colegas de trabalho foram infectados pelo coronavírus. A recuperação não foi fácil, mas ele venceu a luta contra a doença.

“Não tive sintomatologia muito aparente, cheguei a fazer uma tomografia mas não houve nenhuma irradiação para o pulmão, embora tenha apresentado muita tosse, dor no corpo e diarreia, foram os principais sintomas. Passei 20 dias isolado em casa. É uma experiência muito ruim, mexe muito com o psicológico da gente. Mas já voltei a trabalhar, continuo na linha de frente como farmacêutico, exercendo a função, ajudando a população, atuando como devo e gosto de fazer. Graças a Deus nós somos uma referência na cidade.”

Em consulta feita pelo Conselho Regional de Farmácia de Roraima entre os 41 profissionais avaliados, entre eles, farmacêuticos, técnicos e analistas clínicos, 27 tiveram o diagnóstico positivo para Covid. No estado de Goiás 5 farmacêuticos foram vítimas do coronavírus e precisaram ser afastados do trabalho, também foram confirmadas duas mortes de técnicos de laboratório. O Conselho Regional de Farmácia disponibilizou um formulário no site para registro dessas ocorrências.

Segundo o último levantamento repassado pelo Conselho Regional de Farmácia do Maranhão, foram confirmados 68 casos de farmacêuticos contaminados por Covid no Estado, desses quatro foram a óbito. O conselheiro federal Marcelo Rosa relata a situação.

“O Maranhão é um dos estados com maior registro de casos no Brasil e o governo tem testado muito as pessoas e por isso o registro acentuado do número de casos. Nós já tivemos aproximadamente 1.300 mortes pela Covid-19 em função da infecção pela Covid-19. Especificamente sobre os colegas farmacêuticos, tivemos algumas perdas. Não há um número exato de farmacêuticos contaminados principalmente em serviço, porém existem perdas registradas, alguns colegas em estado grave e outros que já se recuperaram”.

Entre tantas perdas, está a do farmacêutico Luiz Carlos Aroucha, com longo serviço prestado à categoria no Maranhão. E ainda, João das Mercês Prazeres Salgado, que foi um reconhecido gestor do Lacen e do laboratório central de São Luís, além de ter trabalhado em hospitais de urgência. Também, Sandro Roberto Tavarez, que trabalhava na linha de frente numa Unidade de Pronto Atendimento de São Luís, e a farmacêutica Silvânia Pires, que foi servidora do hemocentro do Maranhão.

Farmacêuticos em ação

Os farmacêuticos estão na linha de frente do atendimento à população e a segurança dos profissionais que atuam tanto nas farmácias comunitárias quanto nos demais estabelecimentos de saúde, como hospitais e laboratórios, é uma preocupação do Conselho Federal de Farmácia. O presidente Walter da Silva Jorge João informa que a entidade tem adotado várias ações para orientar e garantir que o bem-estar e a saúde dos desses trabalhadores seja preservada, para que eles possam garantir os cuidados à saúde que a população tanto precisa nesse momento.

“Esse é o momento que o farmacêutico tem de prestar toda a atenção e nós temos que ser solidários com essa situação que estão vivendo. E os pacientes estão recorrendo à farmácia comunitária e o papel dele é significativo não só para fazer testagem e nem apenas para entregar o medicamento. Ele tem toda uma regulamentação das atribuições clínicas e da prescrição farmacêutica para atender esse paciente no sentido de apresentar cuidado de saúde dessas pessoas. As pessoas estão muito carentes de informação e necessitam de resolubilidade para os seus problemas de saúde.”

O conselho disponibilizou recursos aos conselhos regionais para a compra de equipamentos de proteção individual a serem distribuídos aos fiscais e aos farmacêuticos encontrados exercendo suas funções em situação de risco durante as inspeções. Os CRFs foram orientados a informar aos órgãos competentes a falta de EPIs nas farmácias e em demais estabelecimentos.

O CFF também solicitou ao Ministério da Saúde o fornecimento desse material para os profissionais que trabalham no sistema público. A autarquia também atua junto ao Ministério Público do Trabalho e ao Congresso Nacional para garantir o pagamento da insalubridade a esses profissionais. A assessora da presidência da entidade, Josélia Frade, lembra que também foram elaboradas várias publicações baseadas em evidências científicas para orientar os profissionais e o público em geral.

Entre tantas medidas de cuidado e orientação aos farmacêuticos o Conselho Federal de Farmácia também disponibilizou materiais de apoio para instrução dos profissionais e o canal de notificação para falta de EPIs, além do portal de denúncia do Ministério Público do Trabalho. Confira abaixo:

Formulário para notificação da falta de EPIs – CFF: http://covid19.cff.org.br/formulario-para-notificacao-de-falta-de-epis/

Manual CFF – Higienização das mãos para profissionais da saúde: https://bit.ly/2UVyozv

Uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) pelos Farmacêuticos e demais Profissionais da Saúde: https://bit.ly/2N5OBxN

Portal de denúncia do Ministério Público do Trabalho (MPT): https://bit.ly/2C9s9Bo

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