A Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou um tom mais incisivo nas orientações para testes do novo coronavírus e ofereceu mais detalhes quanto à recomendação.
A entidade diz que países com transmissão comunitária e com número de testes que não supre a demanda, como é o caso do Brasil, deveriam priorizar os exames em pacientes com maior risco de desenvolver quadros graves (idosos e pessoas com doenças como diabetes e problemas cardiorrespiratórios), populações vulneráveis, profissionais de saúde com sintomas (independentemente de contato ou não com caso confirmado) e os primeiros indivíduos sintomáticos em locais fechados (como escola, prisões e casas de longa permanência para idosos).
O novo documento vai além da fala recente do diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus. “O meio mais eficaz de prevenir infecções e salvar vidas é quebrar as correntes de transmissão. Para isso, você precisa testar e isolar”, disse Ghebreyesus. “Nós temos uma mensagem simples para os países: testar, testar, testar. Teste todo caso suspeito.”
A OMS também disse que os países devem se preparar para a epidemia antes de ela começar em seus territórios, considerando que, quando o surto começa, os laboratórios têm um aumento significativo em sua demanda. Possíveis restrições também devem ser antecipadas.
O Brasil, cujo primeiro caso completa um mês nesta quinta (26), ainda sofre com a quantidade de testes disponíveis para o público. Em geral, só são testadas pessoas internadas com a suspeita da doença.
O governo de Jair Bolsonaro tem sido pressionado para aumentar a capacidade do país de realização de testes – até agora, foram distribuídos 30 mil exames aos Estados, um montante que não é considerado suficiente. Inicialmente, o ministério havia anunciado que planejava oferecer 1 milhão de testes. Em seguida, subiu o número para 2,3 milhões. No sábado (22), passou a 10 milhões. Na terça (24), o Ministério da Saúde anunciou que o país terá quase 23 milhões de testes à disposição. Os profissionais de saúde e de segurança devem ter prioridade.
Os testes rápidos detectam a presença de anticorpos relacionados ao novo coronavírus. A OMS afirma que esse tipo de exame sorológico é importante para pesquisa e vigilância, mas que não é recomendado para detecção de casos.
Enquanto isso, em São Paulo, o governo João Doria (PSDB) anunciou que o Estado construiu uma rede com capacidade para 2.000 testes diários. Enquanto anunciava o aumento da capacidade de exames em São Paulo, Doria repetiu a mensagem de Ghebreyesus. “Testar, testar e testar. Essa é a orientação da Organização Mundial de Saúde”, disse.
Segundo a OMS, os testes laboratoriais são parte integral da estratégia de alerta e resposta contra a Covid-19. Países que conseguiram, pelo menos por enquanto, controlar melhor a curva da epidemia apostaram em testagem massiva. Um dos exemplos é a Coreia do Sul.
As orientações anteriores da OMS eram mais gerais. Agora, divide diferentes protocolos para países em situações epidêmicas distintas: os que não têm casos; os com poucos casos; países com casos confirmados concentrados em um local; e países com surtos e transmissão comunitária.
Em todos os cenários, a ideia geral é testar todos os casos suspeitos e isolá-los.