O colesterol elevado no sangue é um dos principais fatores para doenças cardiovasculares e está entre as causas que podem provocar infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). No domingo, 8, foi celebrado o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol. O cardiologista e pesquisador Valério Vasconcelos alerta a população para a importância do controle dos níveis de gorduras saturadas no sangue, especialmente porque a procura por exames diminuiu devido à ameaça de contaminação pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).
“Com a pandemia de covid-19, as pessoas negligenciaram os cuidados com a saúde, inclusive exames que identificam o nível de colesterol no sangue. Controlar as taxas de gordura no sangue é muito importante, pois assim as pessoas reduzem o risco de doenças do coração”, afirma o médico.
Conforme levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), houve queda de 28,5% na quantidade de exames de dosagem de colesterol HDL realizada em 2020, quando comparada com o ano de 2019. Situação semelhante ocorreu com a dosagem de colesterol LDL: no ano passado, a queda registrada na quantidade de exames realizados no SUS foi 26,9% em relação a 2019. Quando se compara 2020 com 2021, há melhora nos números, mas o cenário ainda preocupa.
De acordo com o cardiologista Valério Vasconcelos, o colesterol é um tipo de gordura que, por si só, não é ruim, sendo oriundo de duas fontes: do fígado e do consumo de alimentos de origem animal. O fígado produz 70% do colesterol, e os 30% restantes vêm de alimentos como carnes, aves e laticínios. “Esses mesmos alimentos são ricos em gorduras saturadas e trans, que levam o fígado a produzir mais colesterol do que o necessário. Para algumas pessoas, essa produção adicional significa que elas vão de um nível de colesterol normal para um nível não saudável”, esclarece o cardiologista.
Se o colesterol, naturalmente, não é algo ruim, por que prejudica o organismo? “Nosso corpo precisa dele para construir células, produzir vitaminas (vitamina D) e outros hormônios (estrógeno, testosterona). Mas muito colesterol pode ser um problema”, afirma Valério Vasconcelos.
O médico explica que, à medida que aumenta a quantidade de colesterol no sangue, aumenta também o risco para a saúde. “O colesterol alto contribui para um maior risco de doenças cardiovasculares, como doenças cardíacas e derrame cerebral. Por isso é importante ter o colesterol testado, para saber o nível no organismo”, diz o especialista.
Valério Vasconcelos lembra que existem dois tipos de colesterol: o LDL, que é o colesterol “ruim”, e o HDL, que é o colesterol “bom” (que protege o coração de doenças). O cenário se complica quando há no organismo muito colesterol do tipo ‘ruim’ ou quantidade insuficiente do tipo ‘bom”.
“Quando o LDL (colesterol ‘ruim’) se acumula nas paredes das artérias sanguíneas, e quando seus níveis estão elevados, também aumenta o risco de desenvolver doenças coronárias (placas de gordura nas artérias do coração), como insuficiência arterial (angina, que é a dor no peito que geralmente antecede o infarto), infarto do miocárdio (ataque cardíaco) ou derrame cerebral”, afirma.
O colesterol alto, ressalta o pesquisador e cardiologista, é um dos principais fatores de risco controláveis para doenças coronárias (entupimento nas artérias do coração), ataques cardíacos e derrames cerebrais. “Se a pessoa tiver outros fatores de risco, como tabagismo, hipertensão ou diabetes, o risco aumenta ainda mais. Quanto mais fatores de risco a pessoa tiver e mais graves eles forem, maior será o risco geral”, destaca Valério Vasconcelos.
Colesterol alto não provoca sintomas
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), um quinto da população brasileira, especialmente as pessoas com mais de 45 anos, apresenta taxas muito elevadas de colesterol no sangue (bem acima dos 200 mg/decilitro), condição chamada cientificamente de hipercolesterolemia.
Ao contrário de outras condições clínicas, no entanto, o colesterol alto não provoca sintomas e afeta o organismo sem pedir licença. “A condição cursa em silêncio e, sem controle, pode ter como a primeira manifestação um infarto do miocárdio (ataque cardíaco) ou mesmo um acidente vascular cerebral (derrame cerebral)”, lembra o médico Valério Vasconcelos.
O cardiologista pontua que a hipercolesterolemia quase sempre está acompanhada de outras condições que favorecem a ocorrência desses eventos, tais como o sedentarismo e a obesidade. “Em geral, a hipercolesterolemia é resultante de uma predisposição genética, associada a um estilo de vida sedentário e a uma alimentação pouco saudável, com a ingestão farta e frequente de gordura de origem animal e do tipo trans, presente em margarinas, biscoitos, salgadinhos, fast food e diversos outros produtos industrializados. No entanto, algumas doenças também causam níveis elevados de colesterol, a exemplo do hipotiroidismo, da insuficiência renal e de problemas no fígado”, destaca.
Assessoria de Imprensa – Angélica Lúcio