O Ministério da Saúde informou nessa 2ª feira (11.jan.2021) que decidiu não incluir a nitazoxanida, vermífugo conhecido como Annita, na lista de remédios distribuídos para o tratamento da covid-19 na rede pública de saúde.
“A Nitazoxanida não consta nas orientações deste Ministério da Saúde para o tratamento da Covid-19, e também não se encontra incluída na Relação Nacional de Medicamentos – RENAME 2020, de forma que esse medicamento não é adquirido ou financiado com recursos federais do SUS”, diz o texto enviado pelo Ministério em resposta a um pedido de informações da Câmara dos Deputados.
Em outubro, o governo federal apresentou o que seriam os resultados de uma pesquisa financiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia sobre tratamento precoce com a nitazoxanida, e afirmou que o medicamento poderia “salvar vidas”.
O governo investiu R$ 5 milhões no estudo, cujos resultados não foram detalhados na ocasião.
Em dezembro, um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica European Respiratory Journal. As análises indicaram que a nitazoxanida é capaz de reduzir a carga viral em pacientes com até 3 dias de confirmação da doença no organismo. A carga viral de 194 pacientes que se trataram com a nitazoxanida caiu 55% depois de 5 dias. Entre os 198 voluntários que tomaram o placebo, a carga viral teve redução de 45% no mesmo período. O vermífugo não levou à redução dos sintomas da covid-19. Os pesquisadores, desse modo, concluem não haver evidências de que o medicamento seja uma terapia efetiva para pacientes com casos leves de covid-19.
Durante a apresentação da pesquisa, um vídeo afirmava que “a missão” foi cumprida e “o resultado comprovou de forma científica a eficácia do medicamento”.
O ministro Marcos Pontes afirmou que o remédio “reduz o contágio entre as pessoas” e “diminui a probabilidade de agravamento de sintomas”.
“Temos uma ferramenta que o Ministério da Saúde pode usar para salvar vidas“, disse Pontes, que informou que cabia ao Ministério da Saúde incluir o medicamento nos protocolos de tratamento da covid-19.
“Nós estamos passando o bastão para o Ministério da Saúde, para o general Pazuello dar continuidade ao trabalho.”
Na última 3ª feira (5.jan.2021), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso do Annita. Em uma mensagem postada em sua conta no Twitter, o chefe do Executivo atribuiu a baixa taxa de óbitos por coronavírus em países africanos à distribuição em massa da ivermectina.