Um novo estudo brasileiro mostra que o antibiótico azitromicina não tem eficácia no tratamento da covid-19. A pesquisa foi publicada nessa 6ª feira (4.set.2020) no periódico científico The Lancet.
O antibiótico vem sendo usado desde o começo da pandemia para tentar reduzir a carga viral nos infectados. No entanto, a pesquisa brasileira mostrou que a azitromicina não acelera a melhora dos pacientes e também não tem efeito na redução da mortalidade. Eis a íntegra, em inglês (470 KB).
A pesquisa brasileira foi feita com 397 pacientes em estado grave de 57 hospitais públicos e privados do país. A idade média dos participantes é de 59 anos. Do total de participantes, 66% eram homens e 34%, mulheres.
Eles foram divididos por sorteio em 2 grupos. Um deles, com 183 pessoas, recebeu apenas os tratamentos padrões, como antivirais, suporte de oxigênio e administração de hidroxicloroquina. O 2º grupo, composto por 214 pacientes, recebeu azitromicina somada ao tratamento padrão.
Depois de 15 dias de tratamento, os pesquisadores analisaram que não houve diferença significativa na mortalidade entre os grupos. A taxa foi de 40% no grupo que teve apenas a abordagem padrão de tratamento. Entre os que receberam a azitromicina, o índice ficou em 42%.
Segundo os pesquisadores, os pacientes que receberam a azitromicina tiveram “incidência semelhante de infecções secundárias, duração da internação hospitalar e tempo livre de ventilação mecânica em comparação com pacientes do grupo controle”. Portanto, analisam que os resultados “não apoiam o uso rotineiro de azitromicina em combinação com hidroxicloroquina em pacientes com covid-19 em estado grave”.
O estudo foi feito pela Coalizão Covid-19 Brasil. Foi coordenado por 8 instituições: Hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, HCor, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, BCRI (Brazilian Clinical Research Institute) e BRICNet (Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva).