UFPB participa de projeto para criar medicamentos antiCovid-19

Fármacos serão desenvolvidos a partir de plantas comestíveis. Por Ascom/UFPB

Equipe do Laboratório de Quimioinformática da UFPB indica compostos naturais e derivados, com maior probabilidade de sucesso, para testagem. Na imagem, partículas virais completas do SARS-CoV-2. Crédito: NIAID

O Departamento de Química da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) atuará no projeto “Prospecção bio-guiada de fármacos antiCovid-19 a partir de plantas comestíveis e desenvolvimento de híbridos sintéticos com potencial antiviral” para dar suporte na busca de fármacos contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2), por meio de plantas comestíveis.

De autoria do pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Antonio Luiz Braga, o projeto terá a atuação do Laboratório de Quimioinformática, do Instituto de Pesquisa em Fármacos e Medicamentos da UFPB, no desenvolvimento dos cálculos teóricos. Também há parceria com a Universidade Federal do ABC paulista (UFABC).

“Estamos realizando o docking de alguns compostos propostos inicialmente pelo projeto. Algumas estruturas já foram reportadas na literatura pelo potencial antiviral. Essas estruturas são produtos naturais e derivados”, afirma o professor da UFPB, Marcus Scotti.

No campo da modelagem molecular, docking é um método que prevê a orientação preferencial de uma molécula para uma segunda, quando ligada uma à outra para formar um complexo estável.

De acordo com o Scotti, as estruturas e os derivados delas presentes no projeto estão, por meio da técnica de docking, sendo estudados no laboratório da UFPB. São moléculas que apresentam o mesmo “esqueleto” das plantas, com algumas alterações realizadas por meio de síntese.

“Usamos a técnica de docking frente às diversas estruturas cristalografadas das enzimas. Inicialmente, estamos trabalhando com a SARS-CoV-2 3CLpro, ou seja, com a SARS-CoV-2 main protease. Já realizamos os cálculos com diversos algoritmos e com diversas estruturas (proteases), que representam várias conformações diferentes”, explica.

A equipe do laboratório da UFPB, afirma Scotti, tem indicado, para os grupos de síntese e de testes biológicos do projeto, quais os compostos iniciais com maior probabilidade de sucesso e que a testagem deve ser realizada.

Os pesquisadores do projeto buscam o bloqueio da protease Mpro, a principal enzima encontrada no SARS-CoV-2. O intuito do grupo é encontrar em quatro plantas, ricas em compostos bioativos flavonoides, substâncias potenciais para inibir a protease e atuar contra o novo coronavírus.

Especialistas definem os flavonoides como uma classe de compostos químicos de origem natural. Eles possuem propriedades farmacológicas que são capazes de trazer benefícios para a saúde humana.

Podem ser encontrados em frutas (uva, morango, maçã e romã), vegetais (brócolis, couve e cebola) e nos cereais e sementes (nozes, soja e linhaça). Também estão presentes em bebidas (chá, café, vinho tinto e cerveja), nos chocolates e no mel.

“São plantas simples, mas que têm princípios ativos com propriedades de inibir as enzimas e não bastam, sozinhas, para debelar o SARS-CoV-2. Vamos conectar em laboratório esses produtos naturais com outras moléculas”, argumenta o pesquisador da UFSC, Antonio Luiz Braga.

Na UFPB, o professor Marcus Scotti atua com o subprojeto “Modelagem e triagem de derivados por estudo in silico com alvo de protease Mpro do SARS CoV-2”. A ação conjunta foi selecionada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para atuar no combate à pandemia de Covid-19.

O projeto obteve –  por meio do edital de Fármacos e Imunologia, do Programa Emergencial Estratégico de Prevenção e Combate a Surtos, Endemias, Epidemias e Pandemias – quatro bolsas de doutorado, seis de pós-doutorado e um financiamento de R$ 100 mil.

Reportagem: Jonas Lucas Vieira, com informações de Caetano Machado da Agecom UFSC | Edição: Pedro Paz

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