O Brasil está sendo representado com excelência nos Estado Unidos pela farmacêutica bioquímica, Laísa Bonafim Negri, que faz parte de um grupo responsável por realizar estudos para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, em Boston (EUA). A jovem doutora em Ciências pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto é natural de Bauru, no interior de São Paulo.
Em 2017, Laísa sucedeu à guinada da carreira profissional promissora fazendo um ano de doutorado na Escola de medicina de Harvard. Pouco tempo depois de defender sua tese, em 2019, já de volta ao Brasil, recebeu o convite para retornar aos Estados Unidos para fazer pós-doutorado e consequentemente foi admitida como pesquisadora no Massachusetts General Hospital, unidade de saúde agregada à Universidade de Harvard.
A farmacêutica relata que a princípio iria trabalhar em um projeto na área de doenças infecciosas. Na época ela chegou em Boston acompanhada do marido no início da pandemia e não havia cogitação sobre a Covid-19.
“Eu cheguei aos Estados Unidos em março de 2020, poucos dias antes do fechamento das fronteiras no país por causa da pandemia e o cenário começou a mudar, infelizmente para pior. Como eu já estava inserida no Centro de Vacina e Imunoterapia do hospital, passei a participar com esse grupo dos estudos por uma vacina de prevenção à Covid-19”, declara.
O grupo de cientistas é composto por 15 pessoas sob liderança do diretor do centro, Dr. Mark Poznansky, e pelos pesquisadores Dr. Patrick Reeves e Dr. David Gregory. Os estudos estão na fase de testes em animais. Laísa aponta que a vacina engloba dois componentes cruciais os quais podem ser fabricados de forma célere – um princípio proteico capaz de provocar ampla resposta imunológica antiviral e os petídios, ou também pequenas proteínas, as quais são exclusivas do vírus e identificadas através da análise do genoma do coronavírus.
“Nesse momento estamos testando a vacina em um modelo animal. Os estudos preliminares se mostraram promissores e a ideia agora é repeti-los em um número maior de animais, se tudo der certo, os testes vão ser feitos em macacos e, após essa fase se o FDA órgão de fiscalização de medicamentos nos EUA aprovar terão início os testes clínicos em humanos.”
Segundo a pesquisadora existe um extenso caminho a percorrer para que haja a possibilidade desta vacina ser produzida em larga escala, mesmo que os estudos relativos à Covid-19 estejam sendo desempenhados de maneira veloz em decorrência da pandemia. A doutora em Ciências acredita que a procura por uma vacina para prevenir a Covid-19 possui como desafio primordial a corrida contra o tempo. Pois a consolidação de um medicamento ou imunizante requer fases pré-clínicas, de estudo in vitro e em vivo (animais), além das três fases clínicas testadas em humanos.
“Para nós pesquisadores garantirmos a segurança da população e a eficácia de um medicamento ou vacina, a ciência é divida em etapas e para o desenvolvimento total, do laboratório até a comercialização, normalmente demora uns 10 anos, envolvendo tempo e dinheiro. No caso da Covid-19, os pesquisadores estão tentando transformar esses 10 anos em seis meses a um ano, realizando essas etapas em paralelo buscando garantir essa mesma segurança.”
A farmacêutica, Laísa Negri, afirma que é um grande aprendizado pessoal e profissional participar desse contexto pandêmico como pesquisadora brasileira na corrida científica em busca da prevenção a doença responsável por mais de 110 mil mortes no Brasil.
“Eu espero poder contribuir com a comunidade científica e levar conhecimento para a sociedade. O fato de ver tanta polêmica nas redes sociais, e pessoas se empolgarem tanto com estudos tão preliminares de medicamentos não aprovados para a doença, nos mostra que há uma falha de comunicação imensa entre a ciência e a sociedade. E o quão importante é o nosso papel como cientistas e profissionais da saúde de levar esse conhecimento e diminuir esta lacuna”, conclui.
Fonte: Comunicação do CFF com informações do G1