Um estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia, identificou uma nova linhagem do vírus zika em circulação no Brasil. Esse tipo teria o potencial, segundo os pesquisadores, de gerar uma nova epidemia. O achado foi publicado no periódico International Journal of Infectious Diseases e serve como alerta para a vigilância da doença.
A introdução de uma nova linhagem no país foi identificada por uma ferramenta de monitoramento genético que analisa sequências disponíveis em banco de dados públicos e permite identificar as linhagens de zika presentes em bases de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI – Centro Nacional de Informação Biotecnológica, em tradução livre).
“Pegamos esses dados e analisamos, selecionamos as sequências do Brasil e mostramos a frequência desses tipos virais ano a ano. O principal achado é que vemos uma variação de subtipos e linhagens durante os anos, sendo que em 2019 há o aparecimento, mesmo que pequeno, de uma linhagem que até então não era descrita circulando no país”, explica o pesquisador do Cidacs, Artur Queiroz, um dos líderes do estudo.
Tipo de zika circulante
De acordo com a Fiocruz, são conhecidas duas linhagens do vírus zika: a asiática e a africana (sendo que essa é subdividida em oriental e ocidental). A encontrada recentemente no país é a do tipo africano, até então inexistente por aqui,
Segundo o estudo, Essa linhagem foi encontrada em duas regiões diferentes: no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.
A distância geográfica e a diferença de hospedeiros (uma foi encontrada em um mosquito “primo” do Aedes aegypt, o Aedes albopictus, e outro em uma espécie de macaco) sugerem que essa linhagem já está circulando no país há algum tempo e pode ter potencial epidêmico, uma vez que a maior parte da população não tem anticorpos para essa nova linhagem do vírus.
Zika vírus
O vírus Zika é transmitido por picadas do mosquito Aedes aegypti. A doença apresenta risco superior a outras arboviroses, como dengue, febre amarela e chikungunya, para o desenvolvimento de complicações neurológicas, como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e outras doenças neurológicas.
Uma das principais complicações é a microcefalia. A doença inicia com manchas vermelhas em todo o corpo, olho vermelho, pode causar febre baixa, dores pelo corpo e nas juntas, também de pequena intensidade.
O Ministério da Saúde alerta que todos os sexos e faixas etárias são igualmente suscetíveis ao vírus zika, porém mulheres grávidas e pessoas mais velhas têm maiores riscos de desenvolver complicações da doença. Esses riscos aumentam quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada.
Desde 2015, nasceram 3.534 bebês com Síndrome Congênita da Zika (SCZ), causada pela doença.